Paula Schitine
05/06/2023 17:22

O Dia Mundial do Meio Ambiente foi instituído em 1972 pela ONU, na Conferência de Estocolmo, que resultou em discussões sobre a integração do ser humano ao meio ambiente. A FASE realiza e apoia diversas iniciativas não só no Dia Mundial do Meio Ambiente como diariamente, mas nesta data celebrada mundialmente se une a iniciativas que ajudam a  impulsionar mudanças nos padrões de consumo e nas políticas ambientais a níveis nacional e internacional, buscando garantir um futuro melhor para as gerações presentes e futuras. É um momento para refletir sobre nossa relação com a natureza e identificar soluções criativas e inovadoras para enfrentar os desafios ambientais que enfrentamos.

A FASE tem como princípio e forma de atuação a união entre educação e solidariedade, portanto ações educativas são fundamentais, pois são as sementes da transformação da sociedade, e ferramentas utilizadas para que o indivíduo e a coletividade construam valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, ou dos bens comuns como preferimos nos referir aos recursos da natureza.

Viveiraço e agroecologia na Bahia

Educadores da FASE Bahia promovem oficinas educativas e de conscientização ambiental.

Nesse dia 05 de junho, a FASE Bahia participou do Projeto Viveiraço realizando palestras, oficinas e demonstração de sementes crioulas. A ação foi realizada pela Secretaria de Desenvolvimento, Planejamento e Meio Ambiente – SEDPLAM, por intermédio da Diretoria Municipal de Meio Ambiente e da Diretoria Municipal de Cooperativismo e Associativismo, juntamente com o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional – COMSEA, no município de Tancredo Neves, na Bahia.

Cerca de 200 pessoas participaram dos eventos, entre professores, alunos da rede estadual e municipal de ensino e agricultores do município, realizados no Viveiro Municipal de Tancredo Neves, no sul do estado . Os educadores da FASE Bahia participaram do eixo 3 do evento com objetivo de reforçar a importância dos quintais produtivos e da diversidade de raízes, legumes, verduras, hortaliças, grãos com práticas agroecológicas e o combate ao uso de venenos para garantir abastecimento e segurança alimentar e nutricional para melhor qualidade de vida para todas as pessoas.

A coordenadora da FASE Bahia, Roselia Melo, realizou a palestra sobre participação das mulheres na produção e como protagonistas dos programas de aquisição de alimentos. “O objetivo foi Incentivar a produção com diversidade no campo e na cidade, visando o aumento das produções individual, coletiva e comunitária para a promoção do consumo sustentável, geração e renda, abastecimento e segurança alimentar e nutricional, explica Roselia.

A educadora da FASE Bahia e presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (COMSEA), Aline Souza, também fez uma apresentação sobre o tema e falou sobre as atividades da FASE no município. “Estar no COMSEA é extrema importância para o nosso trabalho porque a gente tem a oportunidade de estimular os agricultores para que produzam alimentos de qualidade para consumo para que tenham soberania e segurança alimentar e não somente produzam para a comercialização”, explica a educadora. “Porque a tendência mais forte é de uma produção para as cidades cujos produtos principais são o cacau e a banana, sendo que o cacau é basicamente uma moeda para venda e não consumo próprio”, completa.

Educadores também realizaram uma oficina de biofertilizantes que teve o objetivo de incentivar a produção de adubo orgânico composto de resíduos orgânicos e nutrientes em água para uma produção saudável e sustentável.

Mandalas antes (acima) e depois do trabalho da FASE Bahia.

Roselia Melo conta que durante o evento também foi “implantada uma área demonstrativa de sementes crioulas de um banco de sementes e toda essa atividade e teve ainda doações de mudas, plantas essenciais, árvores frutíferas e doações de sementes também”.

Além dessas atividades, os educadores apresentaram o trabalho da FASE realizado nas comunidades rurais “na perspectiva da agroecologia, demonstração de práticas agroecológicas e demonstração de diversidade de cultivos através de mandalas de sementes crioulas, na abordagem da diversidade. Mostramos duas mandalas de sementes, antes e depois da nossa assistência às comunidades”, lembra o educador Arisson Machado.

 

 

 

Protestos em Cuiabá

Nesta segunda-feira, a cidade de Cuiabá, capital do Mato Grosso muito conhecida por ser a cidade do  Pantanal e do agronegócio, amanheceu mobilizada em denúncia contra setores da mineração, energia e construção civil. A ação é parte da Jornada de Luta protagonizada pela Juventude Sem Terra dos estados da região Centro-Oest e foi promovida pelo MST com apoio da FASE Mato Grosso e outras organizações ambientais do estado.

De acordo com Leonel Wohlfahrt, educador da FASE Mato Grosso, que participou do ato, a denúncia foi organizada na frente do palácio do governo, reunindo cerca de 130 manifestantes com o lema “Combater o agro, garimpo e a mineração – rompendo cercas alimenta a nação!”,  e teve como alvo principal o governador Mauro Mendes e sua família que são donos de diversas empresas criminosas, acusadas de usar trabalho análogo à escravidão em Rondônia, casos de morte por condições inadequadas de trabalho, assédio moral, garimpo em área de preservação ambiental, bem como a invasão de terras quilombolas no Estado do Pará, além de diversos outros processos em andamento.

Durante o ato também a Juventude Sem Terra realizou sua 14ª Jornada Nacional pautando o tema ambiental e o papel da Reforma Agrária Popular na defesa dos bens da natureza, na produção de alimentos saudáveis e debatendo sobre os impactos do agronegócio e da mineração no meio ambiente e na vida das pessoas.

Ainda houve a doação de 2,5 toneladas de alimentos em uma ocupação urbana na cidade de Cuiabá, reafirmando o papel da Reforma Agrária Popular para a produção de alimentos e combate à fome nos centros urbanos. A ação de solidariedade distribuiu ainda 200 mudas na ocupação, como parte do Plano Nacional Plantar Árvores Produzir Alimentos Saudáveis, coordenado pelo MST que pretende plantar 100 milhões de árvores no período de 10 anos em todo o país.

Racismo Ambiental em pauta no Pará

Roda de conversa sobre racismo ambiental no assentamento agroextrativista PAE Lago Grande

Na vila de Curuai  localizada dentro do assentamento agroextrativista PAE Lago Grande, no Pará foi promovida a roda de conversa sobre “Racismo Ambiental e Juventude”, pelo coletivo Guardiões do Bem viver com apoio da FASE Amazônia. Cerca de trinta pessoas participaram do evento, entre lideranças comunitárias, agricultores familiares e juventudes. E grupos como o Mãe Terra que faz articulação em defesa do território e ainda das irmãs franciscanas de Alegrini que também atuação comunitária.

Um dos integrantes do coletivo Guardiões do Bem Viver que também foi palestrante do evento, Darlon Neres, explica que o objetivo “foi discutir com as populações, o tema sobre racismo ambiental na perspectiva de mostrar para as pessoas quanto esse Brasil que nós vivemos, quanto esse território pode sofrer com o racismo ambiental e como já vem sofrendo”.

Segundo ele, outro objetivo foi dialogar sobre o que é racismo ambiental, onde ele está presente e como  podem avançar nesse debate para que as pessoas saibam do que se trata. “Muitas vezes a gente sabe que racismo é contra indígenas, contra populações  negras. Mas qual é esse racismo ambiental? Então, pra mim apresentar isso como um tema novo no território para que as pessoas entendam melhor e ver a participação dos jovens nessa roda de conversa foi importante”, reconhece.

“Muitos saíram de lá admitindo nao conhecer o termo racismo ambiental e relataram ter sido muito boa a roda de conversa”, lembra o jovem. Além disso, ele destaca que no território a informação é fundamental principalmente “com a entrada de mega projetos de destruição como a mineração, a expansão da monocultura de soja, do agronegócio. Então, nesse sentido a participação dos  jovens nesse debate é de extrema importância”, ressalta.

“Os jovens saíram de lá falando que é preciso nos unir ainda mais porque o povo unido jamais será vencido para combater esse racismo nas nossas comunidades, nos nossos assentamentos, com as populações tradicionais da Amazônia”, lembra.

“Mas é importante também discutir esse tema também nas periferias das cidades. É importante discutir esse tema da Amazônia para que a gente possa fazer uma frente de luta e combater esse tipo de racismo está impregnado e que a gente chama de racismo ambiental com as populações da Amazônia e com as populações mais vulnerável dessa sociedade”, conclui.

 Participação popular em favor da agricultura familiar

Segurança Alimentar e Nutricional foi tema central de audiência púbica realizada no plenário da Câmara Municipal de Santarém “Vereador Benedito Magalhães” com o objetivo de tratar temáticas específicas alusivas à Semana Nacional de Meio Ambiente.

Foi um espaço rico de debates envolvendo movimentos sociais, organizações da sociedade civil e autoridades governamentais para discutir estratégias que garantam a proteção do meio ambiente, bem como o fortalecimento da agricultura familiar de base agroecológica, com acesso as políticas públicas estruturais (PAA e PNAE) e os circuitos curtos de comercialização como as feiras livres agroecológicas.

O educador da FASE Amazônia, Samis Vieira.

Segundo o educador da FASE Amazônia, Samis Vieira, o debate sobre o Meio Ambiente e agricultura familiar não pode ser debatido de forma isolada das comunidades e povos tradicionais, pois eles são os verdadeiros guardiões e guardiãs da biodiversidade e tem uma forte relação com o território, com a floresta, com a água, com a pesca, portanto a participação social e a incidência política nestes espaços de diálogos é de fundamental importância. “Precisamos pautar o debate sobre soberania alimentar, pois as comunidades e povos tradicionais estão tendo seus territórios violados e perdendo o direito de decidir sobre seus sistemas alimentares (o que plantar e como plantar) devido o avanço do agronegócio, da mineração, da instalação de portos graneleiros, ferrovias, rodovias, hidrovias causando uma serie de danos socioambientais, na saúde humana e a violação de direitos humanos”, defende.  “Precisamos de políticas públicas que contribuam para o fortalecimento da agroecologia com a implantação sistemas alimentares, estimule a diversificação produtiva, o uso sustentável e a valorização da cultura alimentar com respeito aos saberes ancestrais para que as comunidades permaneçam nos seus territórios”, conclui.

 

 

 

*Jornalista da comunicação da FASE