Samis Vieira com edição de Paula Schitine
15/07/2024 11:56

Cerca de 22 agricultoras e agricultores participaram da “Oficina de Capacitação sobre a Produção de Mudas” no Centro de Treinamento e Tecnologias Alternativa — TIPITI, em Abaetetuba, no Pará. O encontro teve como objetivo criar um espaço rico de trocas de saberes e construção de conhecimentos sobre o planejamento, implantação e produção de mudas provenientes das iniciativas desenvolvidas pelos agricultores nas comunidades. 

A ação foi promovida pela FASE Amazônia, como parte do Projeto Amazônia Agroecológica, que se destina a promover a implantação de iniciativas agroecológicas como sistemas agroflorestais, quintais produtivos agroecológicos, viveiros de produção de mudas e apoio aos circuitos curtos de comercialização, além de gerar renda às comunidades para recuperação e conservação da floresta, com apoio do Fundo Amazônia.

Durante a oficina foram abordadas práticas agroecológicas relacionadas às diferentes formas de substrato a partir da reutilização de produtos da própria comunidade (terra preta, esterco de gado, esterco de galinha, paú da mata, cinza, pó de serra e areia) bem como as diversas formas de preparo, trazendo a partilha de práticas desenvolvida pelas famílias como: I) Substrato 01 – 03 baldes de terra e 01 balde de esterco de gado, II) 03 balde de terra e 0,5 balde de esterco de galinha, III) 03 balde de terra e 01 balde de paú da mata.

Segundo Marciane Batista, agricultora da comunidade Bacuri, a realização dos mutirões para produção de mudas é de fundamental importância para troca de experiências, pois essas iniciativas contribuem para melhoria das práticas, da diversificação dos quintais, além de agregar valor à renda e fortalecer a luta da comunidade.

Outro ponto abordado foi a importância de peneirar os componentes, evitando os pedaços de pau, folhas, torrões grandes e outros, atrapalhem o enchimento das embalagens, a germinação das sementes e o crescimento das mudas. E também foi explicada a influência da mistura dos componentes para evitar que algumas sacolinhas fiquem somente com a terra e outras só com o esterco de gado ou galinha. Quando a terra for muito barrenta recomendou-se colocar 01 balde de areia na mistura para evitar que se forme um torrão duro dentro da sacolinha.

“As formações são oportunidades de muito aprendizado, pois a cada encontro aprendemos algo novo com os companheiros e companheiras de luta. Nosso território possui uma grande diversidade de planta, mas (com) as ameaças que temos com os monocultivos, para dar problema é daqui para ali. Então, diversificar nossas áreas com plantas é o mais importante de tudo para o nosso território”, afirma o agricultor Evaristo Moraes.

Também falou-se sobre o enchimento dos saquinhos, abordando práticas para ficarem bem cheios e facilitarem a irrigação, assim como técnicas de plantios e de organização das mudas no canteiro para otimizar o espaço e crescerem retas. Em cada 1m x 1m de canteiro cabem aproximadamente 50 a 100 mudas, a depender do tipo da espécie e tamanho dos saquinhos.

A oficina contou com a participação de vários grupos agroecológicos das comunidades dos municípios de Abaetetuba e Igarapé-Miri, que cumprem um papel fundamental no processo de formação, intercâmbios e troca de saberes na formação de multiplicadores em agroecologia.

“Diante disso, a retomada do Centro de Tecnologias Alternativa TIPITI como esse espaço aglutinador de iniciativas agroecológicas será de fundamental importância para o fortalecimento da agroecologia na região”, concluiu Lourenço Bezerra, educador da FASE Amazônia.

*Educador da FASE Amazônia e comunicadora da FASE