29/06/2011 21:20

Guilherme Carvalho, técnico da Fase Amazônia, participou do seminário internacional “Cachuela Esperanza, en la cuenca internacional del río Madera”, realizado em Cochabamba, Bolívia. O encontro debateu os impactos de projetos que compõe a Iniciativa de Integração Regional Sulamericana (IIRSA), como a construção de usinas hidrelétricas na bacia do rio Madeira. Carvalho alertou que projetos como o de Cachuela Esperanza fazem parte de uma política de integração e desenvolvimento que está voltada para a exploração intensiva de recursos naturais, aprofundando desigualdades e causando mais problemas.

Leia a tradução feita pela Fase do texto publicado pela Erbol – Educação Radiofônica da Bolívia – uma associação de rádios e entidades de comunicação educativa do país andino.

Opinião: Megaprojetos na Bolívia respondem a interesses do Brasil

Segunda-feira, 20 de junho de 2011
Observatório Boliviano de Indústrias Extrativistas

Erbol, La Paz – O representante da Federação dos Órgãos de Assistência Social e Educacional (Fase) de Belém, Brasil, Guilherme Carvalho, afirmou que a execução de megaprojetos de infraestrutura viária e hidrelétricas na Bolívia buscam apenas beneficiar as empresas transnacionais e o capital brasileiro.

“O Brasil tem uma estratégia muito clara que é transformar empresas brasileiras em empresas multinacionais, então há todo um conjunto de medidas que são implementadas pelo governo brasileiros através do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e outras insituições para garantir que as empresas tenham uma atuação internacional cada vez mais forte”, sinalizou Carvalho em sua intervenção no seminário internacional “Cachuela Esperanza, na bacia internacional do rio Madera”, realizado na cidade de Cochabamba em 14 e 14 de junho.

Além disso, indicou que “a integração econômica sulamericana é um meio utilizado pelo Estado brasileiro para que estas empresas possam entrar e controlar os mercados de países vizinhos e ao mesmo tempo garantir que as obras de infraestrutura de seu interesse sejam executadas para viabilizar o comércio de produtos brasileiros”.

No caso da Bolívia, o Brasil participa na construção de estradas como Villa Tunari – San Ignacio de Moxos, Potosí – Tarija, Pailón – Puerto Suarez e a reabilitação de trechos como El Sillar, entre outros. Além disso, trabalha no setor de energia com interesse na construção de projetos hidrelétricos como Cachuela Esperanza, Rositas e Bala.

“Os governos pedem empréstimos ao Brasil por meio do BNDES, aumentam sua dívida externa para fazer projetos que na maioria das vezes são concessionados a empresas privadas, então, o país aumenta a dívida externa para beneficiar grupos econômicos de seus próprios países ou mesmo do Brasil”, afirmou.

Em seguida, denunciou que “esta política de integração e desenvolvimento está profundamente assentada na exploração intensiva de recursos naturais e é um modelo que aprofunda a desigualdade e cria muitos outros problemas”, concluiu.

Todos esses projetos estão planejados e executados como parte da Iniciativa de Integração Regional Sulamericana – IIRSA, que hoje é chamado Comitê Coordenador de Infraestrutura da América do Sul e Planejamento (Cosiplan), que surgem na primeira Cúpula de Presidentes, realizada em Brasília no ano 2000. A integração sulamericana tem na carteira 514 projetos de transporte, energia e comunicação com investimentos iniciais estimados em 69 milhões de dólares.

*Para saber mais baixe o último livro sobre o plano de integração regional produzido pela Fase: “IIRSA, Energia e Mineração: ameaças e conflitos para as terras indígenas na amazônia brasileira”

*Leia também as reportagens sobre o seminário publicadas pela AINI – Agência Intercultural de Notícias Indígenas da Bolívia (em espanhol)

-Megaproyectos, un gran diseño para la explotación de los recursos naturales

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