23/03/2021 13:29
Alcindo Batista¹
Na última quarta-feira(17), o grupo Articuladas -RJ – Mulheres no Enfrentamento à Violência Institucional no Estado do Rio de Janeiro, lançou o mini documentário “Violência Institucional, mulheres e resistências”. O evento foi feito de forma remota, pelo canal do coletivo no Facebook, e teve o objetivo de fomentar o debate sobre o que é violência institucional e provocar o reconhecimento das suas diferentes formas de atuação. A ação faz parte da campanha “21 dias de ativismo contra o racismo” e teve o apoio da FASE, que forneceu parte do acervo utilizado na obra.
Estiveram presentes Marilene de Paula, da Fundação H. Boll; Marluce Santos, professora e pesquisadora sobra a violência na Baixada Fluminense; Eliene Vieira, do grupo “Mães de Manguinhos”, que teve seu filho morto pela polícia, e Suellen Guariento, das Articuladas e também professora da Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense (ESS/UFF) entre outras participantes do filme. Terminada a exibição, foi feito um debate sobre como foi realizar esse trabalho audiovisual em meio a pandemia, sob a mediação de Caroline Rodrigues, educadora do programa da FASE no Rio de Janeiro.
“Somos nós, mulheres, que mudamos o processo”
Durante a conversa, Monique Cruz, assistente social, também integrante das Articuladas, destacou a importância tanto do filme quanto do diálogo que foi feito por mostrar o protagonismo das mulheres na luta contra à violência das instituições do Estado. Um exemplo disso está na fala de Eliene, que teve seu filho preso injustamente, que diz hoje não sair da favela para que seu filho tenha a priori mais segurança, pois estaria “dizendo para o Estado que ele venceu”. Somado a isso, Nívia Tavares, assistente social, militante contra a violência institucional e que teve o seu filho morto na porta de casa pela polícia, conta que hoje, ao ver uma jovem se autoafirmando como mulher preta e lutando contra o racismo, ela percebe que “deu tudo certo”, que a sua militância valeu a pena.
Rafaela Albergaria, assistente social e também participante do filme, frisa como na nossa sociedade é construída em que as leis não valem para todos, movida pela lógica do direito e pela lógica da exceção e como esses ajuntamentos para falar dos problemas, do sofrimento causado por essas ações do Estado é um processo de cura. Julia Paraquett, produtora audiovisual que montou “Violência Institucional, mulheres e resistências” conta que essa foi uma experiência marcante para sua trajetória pessoal e profissional e que se emocionou muito com as histórias de vida que foram registradas pelo documentário. Para ela, uma das principais ensinamentos do filme é como transformar o luto em luta.
[1] Estagiário, sob supervisão de Cláudio Nogueira.