12/06/2019 15:09
Juca Guimarães¹
Com uma metodologia baseada na ampla discussão de ideias e em um processo coletivo de escrita e reflexão, o Seminário Terra e Território: Diversidade e Lutas produziu um documentário histórico sobre a luta agrária e ambiental no Brasil, com denúncias dos retrocessos impostos pelo atual governo e sete compromissos das 50 organizações participantes.
A Carta Terra, Território, Diversidade e Lutas² foi produzida por “movimentos populares e sindicais do campo, águas e florestas, trabalhadores e trabalhadoras rurais, pesquisadores, pesquisadoras, organizações não governamentais, ambientalistas, representantes de governos progressistas, lideranças partidárias e parlamentares”.
O encontro aconteceu entre os dias 6 e 8 de junho, em Guararema, interior de São Paulo, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), com discussões e análises sobre questões que envolvem os modelos de ocupação de terras e a defesa do meio ambiente, tanto em áreas urbanas como rurais. Como resultado, o seminário lança uma carta à sociedade, uma plataforma comum e um calendário de ações.
“A avaliação é que conseguimos retratar na carta o conteúdo do que o grupo construiu como consenso, reflexões e como propostas. É um instrumento de registro que aponta um caminho, uma orientação e uma preparação para as lutas futuras. É um preparativo para todos os desafios que temos que enfrentar e que estão impostos a toda a classe trabalhadora, povos do campo, das águas e das florestas, com essa avalanche criada pelo avanço do capital, pelo governo Bolsonaro e seus aliados”, disse Nicinha Porto, diretora da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) e coordenadora da sistematização do seminário.
O encontro também marca o início de uma plataforma conjunta de lutas entre as entidades e organizações participantes. “Uma plataforma de ação, de debate, de luta que caminha para a construção de um grande projeto de como deve ser o campo brasileiro”, explica José Damasceno, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A metodologia usada pela organização do seminário para reunir os conteúdos apresentados nas mesas de debates ajudou a condensar as propostas e orientar a confecção dos textos e das deliberações gerais do encontro.
“Todos e todas contribuíram com suas ideias, que foram para grupos de sistematização. Neste sentido, se chegou a riqueza do produto, que não é um produto final – a carta –, mas o produto que vai contribuir para um processo que começa a ser construído”, afirmou Damasceno.
[1] Publicado originalmente pelo Brasil de Fato. Edição: Vivian Fernandes.
[2] A FASE assina o documento.