Vanessa Campos
10/03/2025 10:20
Nos dias 26 e 27 de fevereiro, a FASE Amazônia promoveu um encontro importante para
elaborar, planejar e discutir as ações do projeto de aprimoramento dos quintais
produtivos. Este projeto, que engloba os estados do Amapá, Maranhão, Pará e
Tocantins, visa apoiar o desenvolvimento e fortalecimento de práticas agroecológicas
em quintais geridos por mulheres agricultoras e extrativistas da Amazônia Oriental.
O objetivo central do projeto é fortalecer as práticas coletivas agroecológicas e de
conservação ambiental, com o intuito de aumentar e diversificar a capacidade de
produção de alimentos e a geração de renda das mulheres envolvidas. A iniciativa
busca também promover a autonomia política e econômica dessas mulheres, além de
valorizar a agricultura familiar, fundamental para a segurança alimentar das
comunidades amazônicas.
Alguns objetivos específicos do projeto são: capacitar e realizar acompanhamento
técnico a mulheres agricultoras e extrativistas, quilombolas e indígenas para a
implementação e manejo dos quintais; garantir o acesso das mulheres a insumos
essenciais, como sementes, mudas, materiais, ferramentas e equipamentos
necessários para a implantação e manejo dos quintais; implementar e diversificar as
áreas de produção geridas por mulheres por meio de práticas agroecológicas
sustentáveis; fortalecer as iniciativas coletivas das mulheres na organização da
produção; e estimular a constituição e o fortalecimento de agroindústrias de base
familiar, com o objetivo de beneficiar a produção local e ampliar o acesso a mercados.
O encontro contou com a participação de representantes de organizações da
sociedade civil que há mais de 20 anos atuam de forma colaborativa e coordenada como: FASE Amazônia, Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO), Associação Agroecológica Tijupá (TIJUPÁ-MA), Associação Comunitária de Educação em Saúde
e Agricultura (ACESA), Movimento de Mulheres do Nordeste Paraense (MMNEPA) e
Instituto de Mulheres Negras do Amapá (IMENA). Essas organizações estão
integradas em redes como a Articulação de Agroecologia da Amazônia (ANA
Amazônia) e a Rede de Mulheres da Amazônia (RMERA), além de realizar ações de
incidência em políticas públicas que atendem às necessidades específicas da região
amazônica.
As organizações têm um longo histórico de atuação conjunta, realizando ações
voltadas para a defesa dos direitos socioterritoriais dos povos indígenas e das
comunidades tradicionais, a valorização da agricultura familiar e a conservação
ambiental. Elas também atuam em temas como segurança alimentar e nutricional,
justiça ambiental, mudanças climáticas, além do combate ao racismo e à violência
contra as mulheres.
No segundo dia e encerramento do encontro, foi realizado o lançamento simbólico do Projeto Quintais Agroecológicos das Mulheres da Amazônia,PROJETO, uma ação emblemática que
marca o início oficial do projeto, com foco no aprimoramento e fortalecimento dos
quintais geridos por mulheres em diversos estados da Amazônia. Esse lançamento
simboliza o compromisso das organizações com a construção de um futuro mais
sustentável e com a promoção da autonomia das mulheres na região.
O projeto é fruto de um debate coletivo e de uma convergência de objetivos, uma vez
que todas as organizações envolvidas trabalham com coletivos de mulheres em
diversos territórios, onde as questões de gênero, trabalho e renda, a conservação
ambiental, a produção de alimentos saudáveis e a autonomia política e econômica das
mulheres são elementos centrais das suas estratégias institucionais.
Abrangência territorial
O projeto abrange 70 comunidades em 34 municípios dos estados do Amapá
(Mazagão, Santana, Macapá), Maranhão (São Luís, Cachoeira Grande, Pio XII,
Peritoró, Vitorino Freire, Poção de Pedras, Rosário, Morros, Presidente Juscelino,
Bacabal, São Luís Gonzaga do Maranhão, Alto Alegre do Maranhão, Lago Verde,
Lago do Junco, Lago da Pedra e Trizidela do Vale), Pará (Igarapé-Miri, Abaetetuba,
Moju, Salinópolis, Capanema, Mãe do Rio, Irituia, Bragança e São Domingos do
Capim), e Tocantins (Araguatins, Cachoeirinha, Carrasco Bonito, Esperantina, São
Bento e São Miguel), abrangendo um total de 70 comunidades.
Este encontro foi mais um passo importante na implementação do projeto e no
fortalecimento das parcerias para o desenvolvimento sustentável da Amazônia
Oriental, buscando garantir que as mulheres da região possam acessar melhores
condições de trabalho, mais oportunidades econômicas e, assim, contribuir
significativamente para o fortalecimento da segurança alimentar e da sustentabilidade
ambiental em suas comunidades.