11/02/2021 10:45
Fernanda Couzemenco ¹
“É uma quebra total de paradigma!”, afirma o engenheiro agrônomo, professor, educador e assessor técnico em hortas comunitárias Dauro Brício Junior, ao comentar sobre a atual empreitada na missão de difundir a agroecologia urbana no Espírito Santo: o edital da Rede Urbana Capixaba de Agroecologia (Ruca) e da FASE para apoiar um projeto de horta comunitária em funcionamento na periferia da Grande Vitória.
“As pessoas estão num processo de individualismo, cada um por si, e ao mesmo tempo ficam esperando que o poder público resolva tudo. A horta comunitária é o contrário, estimula a cooperação e o ‘faça você mesmo'”, comenta Dauro, para quem a mobilização da sociedade civil em torno dos plantios urbanos “é uma vitória”, pois estimula a “humanização da cidade, a ocupação dos espaços urbanos, a saúde, a segurança alimentar e até a geração de renda”.
Duas iniciativas já foram selecionadas, o projeto comunitário de plantio e meliponário no Morro do Cabral/Santa Tereza e a horta Jardim da Capixaba, no Morro da Capixaba, ambas em Vitória. Para a definição do terceiro projeto, o edital está com inscrições abertas até a próxima segunda-feira (15).
Participante do movimento de agroecologia urbana capixaba desde 2016, quando da criação da primeira iniciativa popular nesse sentido, a Horta Comunitária Quintal na Cidade, no centro de Vitória, Daurio comemora a união da Ruca e da FASE nesse edital, pois objetiva apoiar grupos localizados na periferia, que sempre foi seu objetivo.
O trabalho “resgata uma cultura que está se perdendo”. “Nos tempos dos nossos avós, tinha frutas nos quintais. As cidades foram crescendo e os espaços foram diminuindo, os quintais sendo cimentados, os ‘puxadinhos’ sendo erguidos. Quem mora nos bairros tinha horta e agora não tem mais. Está sendo um resgate de uma cultura tradicional”, observa.
“Trabalhar na horta é pura educação ambiental”, sublinha. “Separar o lixo, fazer reaproveitamento das coisas. Nas hortas urbanas, a gente faz muito reaproveitamento, na compostagem, na produção de mudas, na contenção de canteiros”, exemplifica. Para o ativista, a expansão das hortas urbanas tem se intensificado, com pessoas vendo espaços para cultivar seu alimento no quintal, nos apartamentos, em terrenos públicos ou privados.