Sara Vidal com edição de Paula Schitine
05/04/2023 16:19

A FASE Pernambuco, em parceria com o Centro Sabiá promoveu o 5º Intercâmbio do Projeto “Agricultura Urbana – Produzindo Comida de Verdade e Gerando Qualidade de Vida”, resultado da Emenda Parlamentar de  Túlio Gadelha.

Os tema do diálogo entre mulheres agricultoras urbanas e representantes de tradições de raízes africanas foram sobre agroecologia e povos tradicionais. O encontro foi realizado no Centro Cultural Afro Sítio Pai Adão, em Recife,  terreiro fundado em 1875 e que cultua o candomblé, religião de matriz africana.

No encontro houve diálogos sobre as conexões entre agroecologia, soberania e seguranca alimentar e nutricional e os conhecimentos ancestrais dos Povos Originários e Tradicionais. “Elas trocaram conhecimentos agroecológicos que bebem nos saberes ancestrais, envolvendo a relação com a natureza como um espaço sagrado (visão sistêmica, holística e não fragmentada da natureza), a cultura alimentar preparada para cada Orixá, o uso das ervas, ‘folhas’ como remédio para cuidar o corpo, o espírito e para substituir os agrotóxicos”, conta a educadora da FASE Pernambuco, Sarah Vidal que foi uma das palestrantes do evento. Também participaram com exposições Simone de Arimatéia, do coletivo Centro Sabiá.

A casa foi apresentada por Manoel Papai da Costa, Pai de Santo, que contou que o terreiro foi fundado em 1875 por Ignez Joaqua ina da Costa, tia Ignez. Ele também apresentou a hierarquia do Terreiro e como as práticas religiosas se conectam com a natureza, o cultivo e uso das plantas sagradas, a resistência, preservação e multiplicação dos saberes ancestrais. “Se não houver folha não há orixá”, enfatisa Manoel Papai.

Vera Baroni, representante da Rede de Mulheres de Terreiro de Pernambuco, que surgiu em 2007 com o propósito de buscar melhorias das condições das mulheres de terreiro, trouxe a importância do povo de terreiro na manutenção do conhecimento ancestral. “Falar de terreiro tem que falar de história, das mulheres e suas organizações e de projetos como este, de hortas, para apoiar a continuidade da reprodução cultural do Povo de Terreiro”, conclui ela.

 

 

*Educadora da FASE Pernambuco