20/07/2021 21:11

Rosilne Miliotti¹

Intervenção no Metrô do Recife, em 2019.

Julho é um mês dotado de referência coletiva e que se propõe a contestar e não aceitar que mulheres negras tenham 64% ou mais de riscos de serem assassinadas do que mulheres brancas, como evidencia o Atlas da Violência de 2020. Não é de hoje que o contexto brasileiro tem sido um desalento a que vem enfrentando as muitas desigualdades. O Brasil e suas políticas, promovem um ambiente ainda mais hostil à vida da população negra por também ser um país mergulhado numa crise e, principalmente, de ausência de horizonte para sua população – essa que chora seus mais de 500 mil mortos na pandemia.

Felizmente, a conjuntura parece trazer de volta alguma expectativa de que há saídas desse abismo, em grande medida creditadas às mobilizações lideradas pelas organizações da sociedade civil e, de modo especial, pela força e radicalidade de movimentos antirracistas no país. Neste mês, movimentos e organizações da sociedade civil, entre eles a FASE, comemoram, no dia 25, o Dia das Mulheres Negras Latino Americanas e Caribenhas. Em Pernambuco, uma dessas iniciativas é o “Julho das Pretas” que a cada ano oferece à sociedade uma oportunidade de refletir e de aprender com as lutas e as alternativas oriundas dos territórios e das pautas contra o racismo e em favor da vida e da história do povo negro brasileiro. É uma iniciativa de denúncia e resistência das mulheres negras!

Exposição, campanha e reconhecimento

O movimento liderado pela Rede de Mulheres Negras de Pernambuco tem sido uma das referências de lutas e de incidência coletiva sobre as agendas em defesa da vida do povo negro. “Essa é uma parceria que a FASE tem orgulho de integrar”, afirma Luiza de Marilac, coordenadora da FASE no estado. No “Julho das Pretas”, uma dessas ações políticas carregadas de simbolismo político e com potencial de formação da opinião pública é a exposição “Mulheres Negras pela Vida”, realizada em lugares de grande circulação da população ou mesmo em outras cidades, como em Vitória do Santo Antão. A exposição apresenta manequins negras com vestimentas que dão visibilidade a dados sobre a situação das mulheres negras no Brasil.

Intervenção realizada em 2021 no metrô do Recife.

De acordo com Rosimere Nery, educadora da FASE Pernambuco, “apoiar e participar dessas atividades é compromisso da FASE na luta contra o racismo. Em 2019, em parceria com a Rede de Mulheres Negras, lançamos a Campanha ‘Mulheres Negras pela Vida’, e realizamos diversas intervenções com a exposições em hospitais, universidades, conferências, e outros lugares, com o objetivo de sensibilizar e denunciar as condições de vida e trabalho das mulheres negras”.

“Acreditamos que a ‘Exposição-Campanha’ desperta o interesse especialmente por falar do cotidiano de quem circula e se reconhece como parte daquela situação de desigualdade, de racismo e também de negação de seus direitos básicos”, explica Rosimere.

A próxima intervenção será em Vitória de Santo Antão, na praça da Matriz, no dia 24, a partir das 17h. Não esqueça de usar máscara de proteção.

[1] Com informações da FASE em Pernambuco.