24/04/2015 14:52
O Dossiê Abrasco sobre Agrotóxicos ganha nova edição, colorida e ilustrada, com mais de 600 páginas. Além de reunir a revisão das versões anteriores, traz uma quarta parte inédita intitulada “A crise do paradigma do agronegócio e as lutas pela agroecologia”. Este capítulo foi dedicado à atualização de acontecimentos marcantes, estudos e decisões políticas, com informações que envolvem os agrotóxicos e as lutas pela redução dessas substâncias e pela superação do modelo de agricultura químico-dependente do agronegócio. O livro, que será lançado na terça-feira (28) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), é uma co-edição da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da FioCruz, e da editora Expressão Popular.
Depois do Dossiê Abrasco causar impacto em 2012, o lançamento da nova edição celebra duas importantes datas para o movimento: Dia Mundial da Saúde, comemorado em 7 de abril e que neste ano trouxe a segurança alimentar como tema, e os quatro anos da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. A publicação reúne informações de centenas de livros e trabalhos publicados em revistas nacionais e internacionais que revelam evidências científicas e correlação direta entre o uso de agrotóxicos e problemas de saúde. Não há dúvida que essa é uma verdade cientificamente comprovada: os agrotóxicos fazem mal à saúde das pessoas e ao meio ambiente.
Ainda assim, o consumo de venenos agrícolas cresce ano após ano no Brasil, estando em curso um processo de desregulamentação do uso de agrotóxicos no país. Diante desse cenário, a sociedade brasileira tem resistido ao uso de agrotóxicos, se organizando e avançando na conquista de políticas públicas importantes, como a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer e a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. No campo da agroecologia, há a possibilidade concreta de implementar o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (PRONARA).
Convidados para o lançamento
Já confirmaram presença para o lançamento do novo Dossiê Abrasco: Luis Eugenio Souza, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco); Paulo Gadelha, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz); Pedro Luiz Serafim da Silva, Procurador Regional do Trabalho (MPT-PE) e Coordenador do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos; Paulo Petersen, da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA); Luiz Antonio Santini, Diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer José Gomes da Silva (Inca); Teresa Liporace, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec); Maria Emília Pacheco, presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e integrante da FASE; e um (a) representante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
Também estarão presentes integrantes de outras organizações da sociedade civil e agricultores, que compartilharão suas experiências de vida. De Goiás, virá o professor Hugo Alves dos Santos, da Escola Municipal São José do Pontal, onde 29 crianças e oito adultos foram atingidos por pulverização aérea de agrotóxicos em maio de 2013.
Maria Gerlene Silva Matos, viúva do trabalhador rural Vanderlei Matos, contaminado pela exposição crônica a agrotóxicos na Chapada do Apodi, localizada na divisa entre o Rio Grande do Norte e o Ceará, também fará seu depoimento. Ela falará sobre a decisão judicial que condenou a multinacional Delmonte Fresh Produce pela morte de Vanderlei. A história de trabalho, contaminação e morte dele é um dos casos, ainda raros no Brasil, de fundamentação científica que fazem o nexo causal da morte do trabalhador por agrotóxicos. As evidências científicas apontadas pela Universidade Federal do Ceará (UFC), bem como a perícia médica do Ministério Público, tornaram “irretocável” a decisão que responsabiliza a empresa pela hepatopatia grave induzida por substâncias tóxicas.
Já para relatar a transição do uso do agrotóxico para a agroecologia, virá de Magé, município do Rio de Janeiro, o agricultor e ‘ex-veneneiro’ José Callado. Seu trabalho é um exemplo do fortalecimento das práticas agroecológicas de produção, distribuição e consumo de alimentos saudáveis, rompendo progressivamente com o monopólio do agronegócio.
Serviço
Lançamento: “Dossiê Abrasco: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde”.
Dia e horário: terça-feira, 28 de abril, a partir de 18h.
Local: Auditório 111 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ (Bloco F do 11º andar. Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, Pavilhão João Lyra Filho).
*Com informações do site da Abrasco.