11/02/2015 16:25
O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) fez o lançamento online do documentário “Guapiaçu: um Rio (de Janeiro) Ameaçado” na terça –feira (10). A pré-estreia da produção aconteceu quatro dias antes em Cachoeiras de Macacu, município localizado a 100 quilômetros do Rio de Janeiro. É lá que um projeto de barragem proposto para o rio Guapiaçu poderá atingir diretamente a vida de mais de três mil pessoas, além de uma cadeia produtiva que envolve 15 mil trabalhadores e que gera anualmente R$ 100 milhões.
Construído coletivamente por integrantes do MAB, o média-metragem retrata a realidade da região que movimenta uma produção diária de 55 toneladas de alimentos, liderando o plantio de aipim e milho, produtos destinados principalmente ao consumo da capital fluminense.
Água
Segundo a proponente da obra, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEA), a água desviada pela represa supriria a demanda do sistema Imunana-Laranjal, que abastece a região leste metropolitana do Rio de Janeiro. Entretanto, diversas irregularidades no processo de licenciamento são apontadas por organizações e entidades da sociedade civil.
Para o integrante da coordenação nacional do MAB Leonardo Maggi, o governo do Rio de Janeiro escolheu a pior alternativa para o combate à crise da água. “Ao invés de investir na preservação do rio Guapiaçu e na recuperação da bacia hidrográfica da região, o governo preferiu o caminho mais fácil: construir uma barragem e penalizar a população mais vulnerável. Mas nós não perdemos a esperança e vamos continuar lutando”, afirmou.
Irregularidades
De acordo com a Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB), existe uma irregularidade jurídica no próprio papel exercido pela SEA, que é proponente e avaliadora do projeto ao mesmo tempo. A organização aponta irregularidades nos decretos expropriatórios das áreas possivelmente atingidas pelo lago da barragem, publicados antes de um parecer oficial do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão responsável pelo licenciamento ambiental no Rio de Janeiro.
Além disso, os decretos preveem indenizações de apenas cinco mil reais para cada hectare de terra desapropriado, valor muito inferior ao preço de mercado. Como a região é formada por pequenas propriedades, que variam entre três e quatro hectares, os valores de indenização para cada família ficaria entre R$ 15 mil e R$ 20 mil , o que impossibilitaria a compra de qualquer imóvel ou terra próxima ao município.
O filme
“Guapiaçu: um Rio (de Janeiro) Ameaçado” é um filme de Bruno Ferrari, Guilherme Weimann e Vinicius Denadai. A realização é do MAB, com cooperação da Fundação Heinrich Böll e apoio da FASE e da AGB – Rio. O documentário tem duranção de 23 minutos, contando com trilha sonora original de Moura e Jairo Crespo de Alancântara.
* Com informações do site do MAB.