Maria Rita
28/03/2024 17:18

Na última sexta-feira, dia 23/03, os educadores da FASE-MT visitaram o Assentamento Sadia (Cáceres – MT) no âmbito do projeto “Quintais Produtivos para Recuperação de Áreas Degradadas no Mato Grosso”. Nesse dia, a comunidade promoveu um mutirão na roça agroflorestal da agricultora Berenice Marques da Guia, que faz parte de uma das 15 famílias beneficiadas pela iniciativa que teve início em fevereiro de 2023 e continuará até 2025.

Até agora, 4.756 mudas de árvores florestais nativas (aroeira, baru, jatobá, gonçaleiro…) e frutíferas (manga, caju, goiaba, acerola, etc) foram entregues para a comunidade, além de sementes crioulas e sementes de adubos verdes, como a crotalária e o feijão de porco. Cada proprietário está empenhado na implementação de aproximadamente um hectare de agrofloresta – tipo de prática agroecológica que consorcia espécies arbóreas perenes, frutíferas, arbustivas, cultivos anuais, espécies forrageiras e adubos verdes.

A escolha da área para o mutirão aconteceu por sorteio. De acordo com a agricultora Elisangela Fabiana Fontaneli, que participou da ação, “a união faz a força! O mutirão é muito bom, e com o sistema de sorteio, todo mundo se ajuda”. O grupo beneficiado pelo projeto no Assentamento Sadia é majoritariamente composto por mulheres agricultoras, que relatam a luta feminina contra o machismo, pela independência e pela valorização do trabalho em grupo e atividades comunitárias. “Hoje a gente não consegue ficar muito isolada não. Estar junto é bom! A gente participa de tudo, as vezes é difícil até de parar em casa. Se não fosse pelo mutirão eu não daria”, ressalta a agricultora Lenira Nobre de Macedo.

As agricultoras contam que antes o quintal era tomado por pastagem degradada, e os efeitos de anos de subutilização foram notados na implementação das culturas e desenvolvimento das mesmas em campo agora é produtivo. Além disso, a região sofre com o volume de chuvas muito inferior à média histórica, o que também penaliza as agricultoras, que mesmo com muitas adversidades não desistem: “Aqui dava muita enchente, tinha água, hoje não tem mais. Mas esse projeto é muito bom, principalmente para quem só tem pasto e agora pode produzir. Agora não é mais plante árvore, é plante água”, acrescenta a agricultora Lenira.

Foto: Maria Rita

Além do mutirão, as mulheres também se reuniram com a educadora da FASE-MT, Mariana Santiago para o planejamento da entrega da próxima remessa de mudas e sua distribuição entre as famílias. A prioridade será a entrega de espécies de áreas alagadas naquelas propriedades que possuem essas características e espécies mais resistentes para talhões mais secos  como o açaí e o buriti. “Os mutirões são uma forma de ajuda mútua, é importante para aquelas famílias que não possuem mão-de-obra, tendo em vista que o campo está envelhecido pelo êxodo rural dos jovens”, justifica Mariana Santiago. “O projeto está em uma fase que necessita desse trabalho em conjunto, já que o regime de chuva, ainda que baixo, começou a aparecer, então está na hora de continuar plantando, tendo o cuidado de escolher as espécies adequadas para cada área, já que temos famílias implantado o SAF´s e outras com recuperação de nascentes”, explica a educadora.

Na ocasião também aconteceu a entrega de quinze roçadeiras novas para que as agricultoras possam manejar suas áreas de forma a conservar a saúde do solo, ao mesmo tempo que garantem o bom desenvolvimento das culturas implantadas. 

*Comunicadora FASE Mato Grosso