22/08/2017 17:08
A Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Município de Belterra (Amabela) atua em uma região dominada pela soja e pelo agronegócio no interior do Pará. Ao todo, 75 trabalhadoras rurais fazem parte da associação, que tem como papel fundamental aliar as demandas produtivas às pautas feministas, tendo como princípio a agroecologia. Bob Barbosa, enviado especial pelo Brasil de Fato¹, contou em três reportagens a história da Associação, que recebe desde sua fundação o apoio do programa da FASE na Amazônia e do Fundo Dema.
Sara Pereira, educadora da FASE, destaca que a associação de mulheres agricultoras não discute apenas o aspecto produtivo, que é fundamental, mas trata também de questões do feminismo, sobre a importância de se organizarem enquanto mulheres, das pautas que são específicas delas, das questões relacionadas ao acesso à saúde, aos direitos previdenciários, dentre outros temas. Entram em pauta ainda questões ligadas aos relacionamentos, não só familiar com os filhos, mas também com os companheiros.
A primeira reportagem do Brasil de Fato fala sobre o surgimento da Amabela em 2015, uma história que se relaciona a do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Belterra (STTRB). Entre as fundadoras estava Maria Irlanda de Almeida, que tem uma história de luta dentro do sindicato e que, na Amabela, é uma das agricultoras mais atuantes. “A associação está com dois anos e nós já temos o nosso próprio CNPJ”, informa. Na matéria, que também conta com uma cobertura em áudio, é possível conhecer um pouco da realidade do município: são 17 mil habitantes vivendo em um lugar com muitos contrastes.
A segunda reportagem mostra, em texto e áudio, como as agricultoras enfrentam os agrotóxicos usados nas plantações de soja e apostam na agroecologia para uma alimentação saudável. A presidenta da Amabela, a agricultora Vera Nunes, conta que “as crianças já não podem estudar tranquilamente na sala de aula, porque tem escola que a soja tomou conta em volta. Os professores e os alunos se sentem mal. Os sojeiros usam maquinário para pulverizar [o agrotóxico]. Muitos usam aquele aviãozinho que joga veneno por cima. É um cheiro muito forte. Mesmo que o trabalhador rural plante sem o agrotóxico, ele é atingido porque está muito próximo das lavouras de soja”.
E na terceira e última reportagem as agricultoras falam sobre como a organização por gênero lhes deu autonomia em relação aos seus companheiros. Através da Amabela, elas já conseguiram várias oportunidades em relação à venda e à exposição de alimentos em diferentes lugares. Também participam de cursos que expandem seus horizontes. Com apoio da Casa Familiar Rural, a Amabela realiza a exposição “Sementes, Sabores e Saberes”, em que as agricultoras compartilham sementes crioulas. A agricultora Sandra da Silva cita alguns dos cursos: plantas medicinais, manejo de galinhas caipiras, plantio de hortaliças, dentre outros.
[1] Série de reportagens elaborada por Bob Barbosa, com edição de José Eduardo Bernardes e Camila Rodrigues da Silva. Conteúdos originalmente publicados no Brasil de Fato.