06/02/2018 13:32

Lilian Campelo e Élida Galvão¹

Pela primeira vez uma caravana percorre a região da Transamazônica e Xingu, no Pará, para conhecer as experiências exitosas em agroecologia e intensificar a luta em defesa dos direitos territoriais de povos e comunidades tradicionais da Amazônia brasileira.

A caravana no Pará é um evento preparatório para o IV Encontro Nacional de Agroecologia. (Foto: Fundo Dema)

A “I Caravana Agroecológica do Oeste do Pará” partiu da cidade de Altamira no dia 29 de janeiro. Durante cinco dias, cerca de 60 pessoas de organizações e movimentos populares e sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais vivenciaram parte da realidade de comunidades tradicionais nos municípios de Brasil Novo, Medicilândia, Uruará, Placas e Rurópolis.

O coordenador do Fundo Dema², Matheus Otterloo, explica que percorrer e conhecer as comunidades que desenvolvem a agroecologia na região da Transamazônica é uma forma de resistência aos projetos econômicos e desenvolvimentistas, que ameaçam a floresta e os modos de vida dos povos indígenas e comunidades tradicionais. “A natureza é um elemento constituinte da vida e tem de se aprender a conviver com isso, as experiências na Transamazônica, apoiadas pelo Fundo Dema, são comprovações disto e demonstram uma potencialidade bastante animadora”, afirma.

Em meio à Rodovia Transamazônica, militantes da Caravana aguardam por uma alternativa diante de ponte quebrada no perímetro do município de Medicilândia. (Foto: Fundo Dema)

Uma das experiências que a Caravana conheceu foi o projeto “Sementes da Floresta”, no município de Uruará. Selma Moreira, da Associação Sementes da Floresta (ASFLOR), explica que o projeto visa o reflorestamento de áreas onde eram feitas as roças e que com o tempo foram degradadas. Ela também ressalta os benefícios de se aliar a agroecologia, o extrativismo e a agricultura familiar. “A ideia é que essa área seja regenerada, reestruturada e se torne novamente uma floresta, assim a gente consegue um produto da agricultura familiar com qualidade, garante a sustentabilidade e a segurança alimentar das famílias, da sociedade e, dependendo do que se produz, pode se comercializar, gerar renda, e ampliar a produção, Isso é um benefício social incomparável”, argumenta.

Selma ainda informa que o reflorestamento é feito com árvores oleaginosas, como a andiroba, copaíba e castanha do Pará. Das duas primeiras é possível extrair os óleos que essas espécies possuem, muito utilizado em medicamentos fitoterápicos e em produtos cosméticos.

A Caravana é um processo preparatório para o IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), que ocorrerá no período de 31 de maio a 3 de junho, em Belo Horizonte (MG), e será realizado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA)³.

[1] Lilian é jornalista do Brasil de Fato e Élida, do Fundo Dema. Reportagem publicada originalmente no site Brasil de Fato

[2] Fundo de apoio a projetos coletivos sustentáveis e de fortalecimento das organizações dos Povos da Floresta no Pará. 

[3] Articulação da qual a FASE é parte.