23/03/2007 16:52
Fausto Oliveira
O trabalho da FASE Pernambuco com mulheres acontece tanto na área urbana como no meio rural. Em ambos os casos, esta equipe da FASE prima pela organização das mulheres para conquistar sua emancipação, seja pela via de empreendimentos econômicos coletivos, seja pelo estímulo à participação delas em no Fórum Estadual de Reforma Urbana, ou ainda inserindo a questão de gênero nos diagnósticos sobre a sociedade pernambucana. A questão das mulheres neste estado é crucial: Pernambuco tem o triste recorde de estado onde há mais casos de violência contra a mulher no Brasil.
Pernambuco teve, em 2006, 319 casos registrados de assassinatos de mulheres. A atuação, contudo, não pode se resumir à eliminação deste tipo extremo de violência, já que ela é fruto de um contexto em que as mulheres não têm uma série de outros direitos fundamentais respeitados. O trabalho das organizações sociais, portanto, volta-se para a emancipação delas por meio da conquista de direitos.
Na atuação pelo direito à cidade, a FASE e outras organizações pernambucanas conseguiram introduzir o tema gênero no Fórum Estadual de Reforma Urbana (Feru). Foi criado um grupo de trabalho dedicado a discutir o assunto e promover as questões de direitos das mulheres nos movimentos e entidades que compõem o Feru. A FASE é a entidade que anima este grupo de trabalho. A entrada de organizações feministas de Pernambuco no Feru é um reflexo deste esforço, e o SOS Corpo, importante ONG feminista, é um dos melhores exemplos.
Além disso, o trabalho também se dá pelo acompanhamento de grupos de mulheres organizadas. Um destes grupos é a Articulação Comunitária da Caxangá, a Arcca. As mulheres da Arcca passam por processos de formação com oficinas mensais. Os temas são variados, mas sempre abordam de alguma forma os direitos das mulheres. A FASE apoiou este grupo também com o Serviço de Análise e Apoio a Projetos e com o Projeto Desc. A capacitação resultou na aprovação de dois projetos da Arcca para receberem financiamento.
Na Zona da Mata, área rural de Pernambuco, o movimento está tão bem organizado que já houve até uma Plenária das Mulheres da Zona da Mata. Um diagnóstico feito nessa região pelo Observatório das Metrópoles, do qual a FASE faz parte, revelou que as mulheres sofrem com a falta de estruturas que poderiam garantir-lhes mais autonomia, como creches, e assim se vêem ainda restringidas a uma realidade de dependência. A cultura política e social da Zona da Mata, apontou o estudo, ainda é de muito machismo, racismo e exploração.
Oficinas periódicas também são o método de trabalho em engenhos na cidade de Palmares. Neles, as mulheres já estão se organizando para iniciar seus próprios empreendimentos coletivos, visando gerar renda para todas. Iniciativas como essas estão ajudando a diminuir a violência e a desigualdade de gênero em Pernambuco, empoderando mulheres por meio de discussões e capacitações em temas como economia solidária, a violência, a eqüidade nas políticas públicas, a agroecologia e o desenvolvimento.