08/07/2010 13:59
A cidade de Cuiabá, capital do Mato Grosso, recebeu no início de junho um grande encontro de agricultores familiares dedicados à agroecologia. Foi o 6º Encontro Estadual de Agroecologia e Feira de Roças e Quintais. Mais de 300 agricultores e agricultoras mato-grossenses estiveram presentes, mostrando toda a capacidade produtiva e política da agroecologia. Na Feira de Roças e Quintais, sua produção era trazida ao público como um exemplo dos benefícios que a sociedade como um todo adquire quando a produção de alimentos segue critérios de saúde, respeito ao meio ambiente e à cultura alimentar regional.
Foram 32 experiências de produção alimentar agroecológica apresentadas nesta edição da Feira de Roças e Quintais. Novamente, a realização da feira e do encontro foram responsabilidade de um grande coletivo social que no Mato Grosso é fortíssimo e atuante. Trata-se do GIAS – Grupo de Intercâmbio em Agricultura Sustentável do Mato Grosso. Várias vezes noticiado pela Fase, o GIAS exerce um papel político determinante naquele estado, que é onde o agronegócio exportador e insustentável mais cresce desordenada e insustentavelmente.
Por isso, muito mais do que apenas exibir os resultados alcançados – às vezes a duras penas – pela agroecologia no MT, o encontro serviu como um momento de discussão política. Três grandes temas estavam na pauta: os impactos ambientais do modelo agrário na agricultura familiar; políticas públicas para a agricultura familiar que sejam desde a etapa de produção até a de comercialização; e o encontro dos temas das sementes e do papel da mulher no campo agroecológico.
Este último quesito merece um destaque, pois se nas cidades a desigualdade sócio-econômica ainda fragiliza as mulheres de maneira injustificada, no campo a situação pode ser pior. Sempre presentes lavrando a terra, as mulheres ainda são pouco vistas no momento de decidir os rumos da produção de uma família, ou de controlar os ganhos oriundos da comercialização dos alimentos. Aos poucos, com muito trabalho de diversas organizações como a Fase Mato Grosso e outros integrantes do GIAS, isto vai mudando. Mas ainda há muito o que fazer.
Ao final dos três dias de encontro na Universidade Federal do Mato Grosso, o que ficou entre os participantes foi a noção de que mesmo que a agroecologia esteja fortalecida, precisa se desenvolver muito mais. A autonomia dos pequenos produtores, sua soberania econômica e territorial, seu compromisso em não agredir o ambiente e em produzir alimentos saudáveis para abastecimento dos mercados locais, tudo isto são ganhos coletivos que para serem expressivos precisam do apoio de políticas públicas consistentes e de longo prazo. A luta por este tipo de modelo continua firme.