Helio Uchôa
19/01/2024 12:23

Ao promover a cobertura do solo, o plantio de espécies vegetais de crescimento rápido ajuda na recuperação de áreas impactadas pela mineração, evitando processos erosivos. Um estudo do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e universidades parceiras descobriu que a espécie nativa Crotalaria maypurensis, popularmente conhecida como crotalária-da-canga, tem tanto potencial quanto a espécie exótica como uma das técnicas de recuperação de áreas degradadas pela mineração da região de Carajás, no Pará. Os achados estão publicados na edição de dezembro de 2023 da revista científica “Journal of Forest Research”.

Os pesquisadores realizaram um estudo comparando os efeitos da adubação mineral e orgânica no crescimento e no metabolismo de carbono e nitrogênio de duas espécies de crotalária — a Crotalaria spectabilis, que é exótica na região, ou seja, foi introduzida no local, e a Crotalaria maypurensis, que é nativa. Eles testaram seis tipos de fertilizantes nas amostras da planta, estabelecida numa área de mina de ferro de Carajás.

Os resultados mostraram que a espécie local é tão eficaz na cobertura do solo quanto a exótica, que é mais comercializada. Segundo explica o pesquisador Silvio Junio Ramos, do ITV, “ambas as espécies têm crescimento rápido e são produtoras de sementes, critérios importantes para a seleção de espécies na recuperação de áreas mineradas”.

A crotalária já é muito utilizada na recuperação de solo em Carajás, região com grandes complexos de mineração. O uso da Crotalaria maypurensis pode trazer mais benefícios do ponto de vista ambiental, pois ela apresenta maior tolerância às condições locais. Além disso, o trabalho destaca que a espécie nativa pode, também, gerar mais renda para catadores de sementes, que se organizam em cooperativas na região.

Segundo Ramos, esse é um dos poucos trabalhos que compara uma espécie de crotalária nativa com uma comercial. O pesquisador ressalta a necessidade de mais estudos sobre o uso de espécies nativas para recuperar as áreas de mineração do Carajás levando em conta a diversidade de composição de seus solos. “Temos que seguir investindo na recuperação das áreas impactadas pela mineração e buscar respostas e alternativas para maior eficiência deste processo nesta região, que tem grande importância industrial e social na Amazônia”, afirma.

A experiência da Fase Amazônia

O educador da Fase Amazônia, João Gomes refuta as técnicas apresentadas na matéria afirmando que elas não condizem com os mecanismos e pensamentos que regem as diretrizes da FASE, que acredita que a crise climática precisa ser trabalhada de outra forma para reduzir os impactos nas populações amazônidas.

“A abordagem da FASE passa pela Agroecologia, pela defesa dos territórios indígenas e tradicionais, bem-viver, entre dimensões que estão além das falsas soluções de mercado, como as técnicas apresentadas nesta matéria”, comentou o educador.

Fonte: Agência Bori

*Estagiário sob a Supervisão de Paula Schtine