26/11/2010 13:04

A Rede de Mulheres Empreendedoras Rurais da Amazônia, conhecida pela sigla RMERA, realizou este mês o primeiro módulo do Programa de Formação para Fortalecimento de Iniciativas Empreendedoras de Mulheres Rurais da Amazônia, que teve como tema a construção, integração e disseminação de saberes em agroecologia.

Mais de 50 mulheres de diversas regiões do Pará, que sediou o encontro, e outros estados da Amazônia, participaram. Dentre elas, havia caminhantes de diferentes caminhos da vida, mas todas tinham em comum o fato de buscarem sua autonomia como mulheres pela via do trabalho. Eram agricultoras familiares, extrativistas, artesãs, assentadas, quilombolas, quebradeiras de coco babaçu, indígenas e técnicas das entidades coordenadoras e apoiadoras da RMERA, como a Fase Amazônia, Fetagri, MMNEPA e APACC.

Na agenda do encontro, temas tão amplos e importantes como: a crítica ao patriarcado e a identidade feminista; a gestão associativa, cooperativista e a questão de gênero; a economia solidária e suas interfaces com a agroecologia e o feminismo; os desafios políticos das mulheres frente à agroecologia; o feminismo como ação política e pensamento crítico.

Vem de 2002 o trabalho da RMERA. Desde essa época a rede busca fortalecer iniciativas econômicas de mulheres da Amazônia, com base nos princípios da economia solidária e da agroecologia. Além de estimular e dar visibilidade a vários empreendimentos, articulando uns com os outros de modo a somar forças, a rede também entrou na lutapor políticas públicas que apóiem a autonomia das mulheres com financiamentos e apoio à comercialização.

Mas é o enfrentamento das desigualdades de gênero que está seu principal norte político. Numa sociedade machista, a desigualdade econômica se expressa em desigualdade acrescentada quando se trata de mulheres. Elas ganham menos em todas as faixas sociais, muitas vezes lhes é negado o direito ao trabalho. E em consequência disso, toda uma vida de pobreza moral e material pode ocorrer. A luta da RMERA pelo fortalecimento da economia das mulheres é também uma luta por sua liberdade destes grilhões de atraso que são ainda infelizmente comuns no Brasil e muitos outros países.