28/11/2018 12:25

Hermann Rupp e Madalena Ramos Görne¹

Todos os anos, a “Rede de Ação contra Pesticidas da Ásia-Pacífico” (PAN AP)  usa o tempo de Ação de Graças para aumentar a conscientização sobre as políticas agroalimentares, agroecologia e iniciativas juvenis empenhadas na agricultura. Em 2018, a Miseror² apoiou esse debate. O que é a “agricultura sustentável” e “sustentável” para todos? A organização conversou com agricultores e agricultoras da Alemanha, Ásia e América Latina sobre os desafios que enfrentam e o que é preciso mudar para que tenham uma perspectiva.

Robson Prado, educador da FASE no MT. (Foto: Rosilene Miliotti/FASE)

Robson Guido Morão Prado, 28 anos, agricultor da Vila Bela da Santíssima Trindade e educador do programa da FASE no Mato Grosso foi um dos entrevistados. Ele cultiva frutas e legumes para o preparo de polpas de frutas, mantém gado leiteiro e gado. A fazenda, que possui cerca de 65 hectares,  é administrada pela sua famílias, sem a presença de funcionários.

Quais são os principais desafios da sua fazenda?

Queremos garantir ecologicamente uma produção que esteja em harmonia com o meio ambiente, porque há muito sentimos as mudanças climáticas em nossa região. Isso afeta a temperatura e a chuva. Economicamente, nosso objetivo é ser capaz de vender nossos produtos de maneira mais equitativa. É muito difícil estabilizar a renda, à medida que o mercado nos flagela cada vez mais.

Qual é a sua motivação para trabalhar na agricultura? Quão satisfeito você está?

Para mim, a grande motivação é fazer o que eu gosto e aprendi desde cedo. Isso me traz muita paz e contentamento. Para mim, é importante ficar na profissão para mostrar o quão importante é a agricultura familiar para o Brasil e que é possível gerar renda e produzi-la de maneira saudável e sustentável, garantindo condições de vida melhores e dignas. Não só para nós, que produzimos aqui, mas para toda a sociedade.

O que teria que mudar para melhorar a situação dos agricultores?

No passado, mais pessoas viviam no campo, e hoje a maior parte da terra foi comprada por uma única pessoa que não mora aqui. Isso mudou as relações e o modo de trabalhar. Em toda parte, a principal fonte de renda das famílias é a pecuária, e muitos nem cultivam milho para consumo próprio, por exemplo. Isso cria uma enorme dependência de pessoas em uma única fonte de renda. Muitos são forçados a vender suas terras e se mudar para a cidade.

(Foto: Rosilene Miliotti/ FASE)

Portanto, precisamos urgentemente de mais incentivos para as pessoas permanecerem no campo, especialmente os jovens. Isso requer melhores estruturas, acesso ao crédito, suporte técnico e treinamento. Sem isso, resta um modo de produção que prejudica o campo, mal administra empregos e polui nossa terra, nossa água e nosso ar. Para as juventudes, é quase impossível ter acesso à terra. A política não atende a isso. A especulação do solo transforma as áreas rurais em áreas de conflito dominadas pelos ricos. É por isso que precisamos de um novo modelo agrícola. Tem que ser mais justo para a população rural e o meio ambiente. Este modelo já existe para mim e já se provou e comprovou como possível: a agroecologia.

[1] Texto publicado originalmente no site da Miseror

[2] Parceira da FASE.